Hoje, Alice fala sobre o filme: “Corrente do Mal” (It Follows, 2015), dirigido por David Robert Mitchell e que, ano passado, teve sua sequência confirmada! A continuação terá o nome “They Follow”, e trará novamente Maika Monroe no protagonismo da narrativa. O longa conta também com o retorno de David no roteiro e direção.
Com uma ótima recepção da crítica e público, Corrente do Mal, traz uma espécie de maldição bastante original, que é passada através do sexo. Após transar com a pessoa amaldiçoada, uma criatura em forma de humano morto-vivo começa a perseguir sua nova vítima, sempre num ritmo lento e constante. Apesar disso, o mal segue firme em sua missão, devagar e sempre, até alcançar finalmente sua vítima e ocasionar uma morte brutal a ela.
Para livrar-se da maldição há apenas uma maneira: passando-a adiante. Isso faz com que essas pessoas procurem outros parceiros sexuais, apenas para se livrar da assombração, que continua a se perpetuar. Algumas de suas vítimas acabam optando pelo suicídio, justamente por não conseguirem passar tamanho horror para outra pessoa.
Como se isso por si só já não bastasse, a pobre da vítima é a única pessoa capaz de ver essa criatura que a persegue, o que traz o clássico questionamento da sanidade por ela mesma e por todos ao seu redor. Esse elemento contribui ainda mais para intensificar a angústia do espectador, que torce o tempo todo para que a jovem Jay Height (Maika Monroe) encontre uma alternativa para vencer esse mal.
O filme tem muitos acertos, ainda que traga uma pegada mais comercial, dialoga bem com o terror lento e social que tem sido tendência forte no cinema de terror dos últimos anos, abrindo espaço para um olhar mais autoral também. A narrativa e as escolhas do diretor conseguem, com maestria, nos deixar angustiados ao assistir, principalmente pelo fato de já sabermos como funciona a perseguição.
O fato do ritmo das criaturas ser lento e constante, nos dá uma ingênua esperança de que suas vítimas possam tentar escapar. Entretanto, elas continuarão a ser perseguidas pelo resto de suas vidas, a não ser que rompam a maldição ou passem para uma próxima pessoa. O mal vai sempre te achar, não importa o quão longe você corra.
O longa tem um ritmo bem construído, que funciona bem para manter o suspense e a angústia no espectador. Sua atmosfera sombria contribui bastante para reforçar o medo e o terror do filme e nos deixar tensos do início ao fim. As ruas desertas com casas abandonadas e os adolescentes largados tentando resolver o problema sozinhos, sem poder contar com ajuda dos adultos, reflete a temática central da solidão.
A implicação moral de passar adiante um medo que você sabe o quão forte é, traz uma complexidade para a narrativa e para a protagonista, inclusive fazendo com que ela questione o interesse de seus amigos com relação a sua sexualidade. É uma situação na qual ela precisa de aliados, mas que é difícil saber em quem confiar.
Em resumo, Corrente do Mal se encaixa na categoria de terror lento, principalmente por fazer uso desse ritmo mais devagar nas próprias criaturas do filme. David acerta muito nas escolhas e nos pontuais momentos de susto. A maquiagem é bem feita, o que fortalece o medo ao focar nas criaturas assombrados, nos proporcionando um terror de qualidade.
E você? Já assistiu a Corrente do Mal? Conta pra gente o que você achou!