Esse é o mês das assombrações e sua turma, então nada mais justo do que falar deste que se tornou um clássico do gênero e que, apesar das 6 indicações ao Oscar, não levou nenhuma.
O SEXTO SENTIDO
Por Dee Dumore
Eu assisti a esse filme no cinema, numa sessão tão lotada no Cine Leblon que eu tive que sentar na escadaria da sala. Foi extremamente desconfortável, mas dá a dimensão do sucesso do filme, na época.
Olhando para esse filme hoje, eu não sei se iria ao cinema ver um filme de Terror Sobrenatural com o Bruce Willis no papel principal, mas na época achei boa ideia. E era mesmo.
O filme estabeleceu M. Night Shyamalan como roteirista e diretor, e introduziu seu trabalho ao público de cinema, principalmente a sua afinidade para finais surpreendentes.
Completando o elenco tem ela… a musa máxima Toni Collette, no papel de "mãe de criança estranha e perturbada”, como sempre.
É um filme que constrói o pânico que todos temos de dar de cara com o espírito de alguém que morreu, ao mesmo tempo em que também mostra o quão fraquinhos e dodóis da cabeça nós somos, por motivos diferentes.
O roteiro gira em torno de um menino sensível, Cole (Haley Joel Osment), que afirma ser capaz de ver pessoas mortas, e do carinhoso psicólogo infantil, Malcolm Crowe (Bruce Willis), que tenta ajudá-lo. Crowe foi baleado por um ex-paciente, Vincent (Donnie Wahlberg), que posteriormente tirou a própria vida. Como Vincent afirmava ter a mesma habilidade de Cole, Malcolm estava determinado a garantir que o garoto não sofresse o mesmo destino e pegou firme a missão de acompanhá-lo e tratá-lo.
Logo no início do filme, somos jogados no drama de Vincent, sua aflição e desespero e a consequência disso tudo: ele atira no Dr. Crowe e depois se mata. A decisão de Shyamalan de abrir o filme com uma sequência dessa definiria o restante do filme, porque não dá pra descer depois disso. E não desceu mesmo! A partir dessa cena - e do sacrifício pessoal de Wahlberg para interpretar o papel de Vincent - o filme define o nível de tensão e agonia que a gente vai sentir até o final.
As mortes que surgem na tela por meio da mediunidade de Cole são brutais. A mais leve é a da ciclista atropelada, as outras todas envolvem violência e abuso. Se os mortos não contam abertamente os seus infortúnios, fica claro na própria cena. Ver fantasmas já é um fardo - como disse Vincent - mas ver o estado em que desencarnaram é muito pior.
Entre saber quem está doido - normalmente a Collette, coitada - e quem está passando maus bocados, a gente fica num torneio de tênis mental, tentando acompanhar o trajeto da bola e a raquetada seguinte. O tempo passa e, com exceção dos EXCELENTES jump scares, às vezes dá pra relaxar, pensando que o final será redentor, tipo a criança levando todas essas almas para a luz e vivendo em paz.
MAS NÃO! M. Night Shyamalan tinha PLANOS PARA NÓS! E depois de todo um desfile de gente morta, criança sofrendo, adulto sofrendo, tristeza, depressão e desespero, é chegado o momento redentivo:
O AR VIROU MADEIRA NA SALA DE CINEMA! Dava pra cortar o ar com uma faca de tão denso! Todos fomos jogados no ciclone de emoções do Shyamalan! O Malcom tá morto? E a mãe do Cole? E a Anna? O COLE ESTAVA ANDANDO SOZINHO POR AÍ ESSE TEMPO TODO???
É O MAIOR PLOT TWIST DA HISTÓRIA DO CINEMA, MEUZAMIGOS!!!
É um filme que não se estraga, mesmo que você reveja 200x, porque sempre haverá uma micro pista que indicava o final - mas que foi BRILHANTEMENTE trabalhada e escondida por Shyamalan.
Gênio.