Madre Dee fala hoje sobre um dos pilares do Terror Lento: "The house of the Devil", de Ti West - SIM, ELE MESMO! O PAI DA PEARL!
Senta, que esse é lento MESMO.
THE HOUSE OF THE DEVIL
Por Dee Dumore
Eu nem sei como começar falando desse PRIMOR de filme. Esse menino… é um gênio!
The house of the Devil é um filme de 2009 que retrata o Satanic Panic dos anos 1980. Só a direção de arte, figurino, caracterização e cenografia já seriam o suficiente para que esse filme fosse um arregaço, mas Ti West não se contenta com pouco.
O filme começa com Samantha, interpretada por Jocelyn Donahue - que é um nome 1000% oitentista - procurando uma casa para morar. Quando o plano abre na cara de Samantha, quem já era nascido e crescido nos anos 80 vai ter um revival da Margot Kidder e da Jaclyn Smith, porque Donahue se parece MUITO com as duas!
Resumidamente: nada acontece. Quem pensa nos filmes de terror dos anos 80 e vai esperando matança, perseguições, gritaria, maníacos, vai morrer duro e seco, esperando. Com 1h35min de duração, a primeira "ação”do filme acontece aos 34 minutos, a segunda com 1h12min, com 1h14min já rola um “eita” e a partir daí é que o pau tora!
Ti West passa 34 minutos montando o ambiente, do jeito que tem que ser. Ele mostra a vida cotidiana dessa universitária, que está tentando sair da república para morar sozinha, mostra suas amizades e mostra o que era comum na sociedade norte-americana oitentista: garotas trampando como babás, para juntar dinheiro. Eram os anos 80, portanto havia também um medo permanente no ar, porque foi uma época de ouro para tarados, estupradores e serial killers em geral.
Samantha, entre idas e vindas de lugar nenhum para nada - visto que é fim de período letivo e NADA ACONTECE NA VIDA DELA - enfim consegue falar com a pessoa que está contratando e vai ao seu encontro, levando a amiga Megan junto.
A casa fica no meio do nada, obviamente. E é uma mansão, obviamente. E quem abre a porta é o Diabo, obviamente. Ti West escreveu e dirigiu esse filme tendo em mente os filmes de Terror para a TV dos anos 80, então os cortes em fade out fazem parte da estética e da história. O Diabo que recebe Sam e Megan é aquele Diabo classudo, como vimos em "Coração Satânico"- usa bengala, terno, gravata, fala baixo e cheio de mesuras.
Os Ullman, casal morador da casa, tem o clássico "jeito estranho", como vimos em “O bebê de Rosemary". E assim como no filme de Polansky, o óbvio só aparece perto do final. Assim como no filme de Polansky, Samantha também demora a entender que foi vítima de uma emboscada.
Não tem jumpscares frívolos e desnecessários, mas tem uma escuridão proposital o tempo todo. A casa é escura, com muitos cômodos e escadas, faz silêncio 90% do tempo, supostamente existe “uma senhora idosa” na casa, mas sua presença nunca é vista. É dela que Sam deve "cuidar” na ausência dos Ullman. E ela é Helena Markos do filme.
O medo de Sam é que um assassino maníaco tenha invadido a casa, já que isso estava na moda na época. Sons estranhos, silêncios assustadores, casa velha, tudo isso passa a deixar Sam um pouco mais alerta, mas ela sequer desconfia do que se passou ali antes dela chegar.
É óbvio que ela vai começar a fuçar a casa inteira, vai encontrar coisas estranhas e começar a suspeitar sobre quem são aquelas pessoas que vivem ali - e cadê essa véia do caraio que não aparece?
Somente com 1h14 de filme é que NÓS - Sam ainda não - vemos que deu uma merda GRANDE naquela casa. Em dois minutos a vida de Sam vai virar de cabeça pra baixo, literalmente.
Não vou contar o resto. ASSISTAM! É EXCELENTE!